Cap08.03 – Coco – Livro – O que é o Forró? (2022)
O ritmo Coco é remanescente direto do Lundu. Tornou-se a base para a construção de boa parte da música brasileira. Chamamos de Coco hoje, mas podemos notar, preservadas em manifestações contemporâneas, muitas semelhanças com o Lundu que era tocado e dançado no final do século 18 e início do século 19, em cada estado o ritmo se misturou e evoluiu de diferentes formas.
Os Bantus, durante séculos, não tinham escrita e a cultura era passada oralmente de geração para geração. Essa habilidade natural de cultivar as palavras e o hábito de debater e de trocar informações fez com que, dentro do cativeiro, proibidos de falar em outro idioma que não o português, nos cantos de trabalho ou lazer, usando estrutura de canto e resposta, surgissem letras de improviso, desafios com trocadilhos, metáforas e temas subentendidos que iludiam os seus captores.
A partir da segunda metade do século 16, nos quilombos, as populações eram compostas por negros, mulatos, cafuzos, mamelucos, indígenas e brancos. Os ex-escravos de origem africana misturaram seus ritmos, sua percussão e sua dança, com melodias e harmonias europeias, acrescidas das influências das cantorias, Flautas e percussões dos indígenas brasileiros.
Na Paraíba e em Pernambuco, era chamado de Samba de Coco e com o tempo evoluiu para apenas Coco, evoluiu a partir de um canto de trabalho, com estrutura de canto e resposta, acompanhado por percussões diversas.
Coco de Mestre Benedito:
Nas suas formações ancestrais, normalmente a instrumentação era composta por 3 tambores de diferentes tamanhos e timbres, que fazem Vozes e figuras distintas, e quando tocados concomitantemente, dialogam e se complementam, formando o ritmo.
A nomenclatura Coco é genérica, significa dança, encontro, música e a “brincadeira” que, dependendo das influências regionais, ganhou quatro tipos de variação:
Coco Caiana dos Crioulos
Existem inúmeras maneiras de se dançar o Coco, em diferentes locais com nomes diferentes. Pode também ser dançado em pares enlaçados, mas ainda se dança o Coco de uma forma similar às danças ancestrais africanas, com elementos do Semba, como a formação em roda e as umbigadas.
O Coco normalmente é associado ao paraibano Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo. Antes de ir para cidade de Campina Grande, ele absorveu esse conhecimento ancestral durante sua infância, pois cresceu frequentando as rodas de Coco da região do Brejo Paraibano. Herança cultural de sua mãe, coquista e ex-quilombola, com quem teve suas primeiras vivências musicais.
Antes de Jackson, o Coco vinha “se tornando social” (urbano), permeava dos terreiros de fazendas e engenhos para ser absorvido pela urbe. Sua célula rítmica básica seria simplificada, ou resumida. Era tocado com Ganzás, Alfaias, diferentes Tambores, palmas e o Trupé (percussão corporal).
Zabumba Coco:
Jackson introduziu e adaptou instrumentos modernos, tanto harmônicos quanto percussivos (principalmente o pandeiro) ao seu estilo inigualável de cantar Coco. Foi responsável pela ‘urbanização’ do ritmo Coco, que hoje tem sua imagem muito associada ao Pandeiro, por conta dele.
Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.
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