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Somos uma rede filantrópica colaborativa de colecionadores e músicos.

Uma comunidade que se conheceu e se comunica virtualmente, unidos em torno de uma paixão comum, o forró tradicional.

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DJ Ivan

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Abdias – Forroriando

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Colaboração do Lourenço Molla, músico, consultor fonográfico, garimpeiro e restaurador de vinis, de João Pessoa – PB. Mais um belo álbum do Abdias.

Quando eu estava escutando o disco e preparando sua publicação, imaginava que seria um disco completamente instrumental, no entanto, me chamou a atenção uma voz conhecida, mas não esperada dentro de um disco do Abdias.

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Se eu não me engano a voz que canta a terceira faixa, “Forró do regatão” de Araponga do Rojão e Antonio Bispo, é a voz de Jackson do Pandeiro. Perguntei ao Lourenço se ele confirmava minha suspeita. E ele disse:

“Meu amigo você acertou na mosca… Na verdade nós músicos admiradores do forró autêntico somos privilegiados com os nossos ouvidos. A gente sabe reconhecer a voz do cantor sem que ele diga em altos brados que é da banda fulano de tal…

Esse RRRR de Jackson é inconfundível, pode colocar essa observação, essa variação do médio pro grave que ele faz é dele mesmo. A voz é do Jackson, e isso acontece frequentemente nos discos do Abdias, ele simplesmente não menciona as participações especiais”

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Direção artística do próprio Abdias, impressionantemente ele conseguiu reunir composições de um time de artistas e primeiríssima linha, todos eles já haviam se destacado anteriormente como autores e/ou intépretes, como Antonio Barros, Dominguinhos, Anastácia, Manoel Serafim, Elino Julião, Osvaldo Oliveira, Elias Soares e Jackson do Pandeiro, entre outros.

Abdias – Forroriando
1973 – CBS

#01. Brincadeira do chinelá (Antonio Barros)
#02. Esquentadinho (Dominguinhos – Anastácia)
#03. Forró do regatão (Araponga do Rojão – Antonio Bispo)
#04. Forró paulistano (Manoel Serafim – New Carlos)
#05. Forró do rola pote (Abdias Filho)
#06. Recordando Rosil (Geraldo Gomes Mourão)
#07. Tôla (Elino Julião)
#08. Quebra queixo (Manoel Serafim – Elias Soares)
#09. Saudade do meu xodó (Osvaldo Oliveira)
#10. Arame farpado (Elias Soares – Antonio Ceará)
#11. Pastora dela (Jackson do Pandeiro)
#12. Forroriando (Dominguinhos – Anastácia)

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Jackson do Pandeiro – É sucesso

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O áudio é uma colaboração do José de Sousa, de Guarabira – PB, casualmente, eu estava preparando esse disco pra publicar e ele nos enviou o mesmo disco, do Jackson, sendo assim, juntei o áudio dele com as minhas capas. Abaixo o comentário escrito por ele.

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“<É SUCESSO>: Título bem sugestivo que foi dado a este LP do Jackson, lançado em 1976, {segundo a biografia do Jackson} é bom disco, recheado de ritmos de seu estilo: Forró, rojão, marcha e samba.

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Apesar de ser um disco muito bom, não fez tão bem ao título, talvez por ter sido lançado na época em que a musica internacional comandava todas as paradas de sucesso em todo o brasil, por isso não sobrou espaço para divugar tão nobre trabalho.{é uma pena!!!}.

Mas repito, é um disco: de bom para excelente, destacando-se grandes músicas como ‘O pai da Gabriela’, ‘Tempero de peixe é bom’, ‘Esqindô le-lê’, e muito mais. Vale apena conferir!'”

Jackson do Pandeiro – É sucesso
1976 – Cantagalo

#01. O pai da Gabriela (Elino Julião – José Jesus)
#02. Tempero de peixe é bom (Jota Cavalcante)
#03. Esquindô lêlê (Jackson do Pandeiro – Luiz Moreno)
#04. O boi manhoso (Maruim)
#05. Chuva e sol (manoel pedro – Nivaldo Lima)
#06. Nosso amor (Jackson do Pandeiro – Altamiro Cruz)
#07. Lê lê lê no cariri (Marium)
#08. Mãe Maria (Joca de Castro – Antonio Gonzaga)
#09. Liberdade demais (Raimundo Olavo – Jackson do Pandeiro)
#10. Auê birimbáu (Aires viana – Nilo dias – Alvaro Sobrinho)
#11. Retirante (Nivaldo Lima – Manoel Pedro)
#12. Carreira de véio é chôto (José Pereira)

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Domiguinhos e Ednardo

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1978 – Domiguinhos e Ednardo – Show Cauim TJA

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*Extraído do álbum do Massafeira Livre.

Gerson Filho – Quadrilha brasileira

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Colaboração do Everaldo Santana, que nos enviou uma série de discos do Gerson Filho. Os quais publicaremos semanalmente, um a um. Perguntei a ele o que sabia sobre o Gerson, e ele disse:

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“Não sei muito sobre o Gerson Filho; o contato que tive com ele foi no meio da década de 60, em Sergipe, quando ele visitava um compadre que morava na mesma rua que eu. Eu era amigo de um dos filhos deste compadre, e frequentava a casa dele.”

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“Sei que Gerson Filho nasceu em Penedo, estado de Alagoas, e que a sua primeira sanfona era uma 8 baixos de teclas sem transaporte de afinação.”

Como o próprio nome do disco já diz, um disco repleto de marchinhas e quadrilhas, algumas cantadas, mas a maioria instrumentais.

Gerson Filho – Quadrilha brasileira
1967 – RCA

01 Quadrilha do cabo (Penedo)
02 Sanfona do Barbino (João Silva – Abelardo “Chacrinha” Barbosa)
03 Tradição de Penedo (Penedo)
04 Vadeia gente (Penedo)
05 Quadrilha das crianças (João Silva – Gerson Filho)
06 Ou vai ou racha (Geraldo Nunes – Gerson Filho)
07 Quadrilha brasileira (Gerson Filho – Aguiar Filho)
08 Dança do Arara (Penedo – Ataide Pereira)
09 Varandão da fazenda (Gerson Filho – Rangel)
10 Meu sertão, meu sertãozinho (Gerson Filho – Sebastião Rodrigues)
11 Aguenta o banzeiro (Gerson Filho – Miguel Lima)
12 Fim de baile (Penedo)

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Genário e Trio Nordestino

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Genário e Trio Nordestino, Beto, Luiz Mário e Coroneto.

*Foto enviada pelo Corró.

Djinha de Monteiro – Quem sou eu depois

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Colaboração do Maicon Fuzuê, do Trio Araçá. Esse é mais um artista que vim a conhecer através desses discos que o Maicon nos emprestou. Pelo que se pode observar nos selos do LP, o verdadeiro nome do Djinha deve ser Geneci Bispo Lourenço.

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Djinha é cantor e acordeonista, e musicalmente, junto com Flávio José, são os ícones da cidade de Monteiro – PB. Em Junho de 2008, Djinha de Monteiro foi homenageado, com o Troféu Asa Branca. A homenagem aconteceu em Campina Grande, durante a grande final do Forró Fest. O troféu é uma homenagem à elite da música paraibana.

O Município de Monteiro, que fica a 319 quilômetros de João Pessoa, está localizado na Microrregião do Cariri Ocidental Paraibano, da qual é a parte mais característica. Limita-se ao Norte com o município de Prata (PB); Oeste, com Sertânia, Iguaraci e Tuparetama (PE); ao Sul, com São Sebastião do Umbuzeiro e Zabelê (PB); e, ao Leste, com Camalaú e Sumé (PB).

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Gravado em 32 canais em Brasília – DF, tem participação especial de Ladjane Tomé, na faixa “Forró é assim”. A maioria das músicas é cantada, mas tem dois instrumentais bem interessantes no final de cada lado do LP.

Produção executiva e musical, arranjos e acordeons, base e solo, do próprio Djinha, que também é autor da maioria das composições do disco, exceto das faixas “Te vi só uma vez” e “Sonho lindo” de autoria de Ilmar Cavalcanti.

Djinha de Monteiro – Quem sou eu depois
1994 – Sondise

01. Olhar desconfiado (Djinha de Monteiro)
02. Forró o ano inteiro (Djinha de Monteiro)
03. Toca no meu peito (Djinha de Monteiro)
04. Forró é assim (Djinha de Monteiro)
05. Saudade da minha terra (Djinha de Monteiro)
06. Te vi só uma vez (Ilmar Cavalcanti)
07. Sonho lindo (Ilmar Cavalcanti)
08. Quem sou eu Depois (Djinha de Monteiro)
09. Duro de viver (Djinha de Monteiro)
10. A copa chegou (Djinha de Monteiro)

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Troça Carnavalesca Sanfona do Povo

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Fotos enviadas pelo Corró, de Recife – PE. Esse evento é chamado de “Troça Carnavalesca Sanfona do Povo”, regida pelo mestre Camarão. É um evento que acontece tradicionalmente todo domingo de carnaval há aproximadamente 8 anos.

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Separei alguns trechos de uma conversa com Corró para situar como funciona esse evento:

“Só de sanfoneiros deve ter uns 40 fora, os outros instrumentos, como zabumbas, triângulos e pandeiros, sem amplicação nenhuma, só no talento. Além do Boneco gigante de Luiz Gonzaga na frente.

A troça sai pelas ruas do Recife, arrastando multidões e tocando forró e frevo.
Na realidade são muitas marchinhas de Gonzaga, Jackson, Marinês, etc.”

Trio Mossoró – Terra de Santa Luzia

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Colaboração do Jorge Paulo, “O bandeirante do norte”, que nos ajuda a resgatar o início de mais um importante artista nordestino, dessa vez o Trio Mossoró, orgulho potiguar. Esse ao que tudo indica, é o primeiro LP do Trio.

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“Falando francamente, não há dúvida que o nosso querido Trio Mossoró, é aqui e em toda parte, presença indiscutível na nossa música e, um cartaz grande no rádio brasileiro. Para seus integrantes Oséas Lopes, Hermelinda e Almeida Lopes,a confirmação de nossa estima e admiração no desejo de vê-los levando mais longe e mais alto o nome de sua terra natal, que é Mossoró.” (Trecho extraído da contra capa)

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Direção artística de Pedro Sertanejo e acompanhamento de Arlindo e seu regional. Curiosamente o repertório é dividido pelos lados do LP, do lado A, canta Hermelinda Lopes e do lado B canta Oséas Lopes. Dois estilos bem diferentes de cantar, igualmente muito bons e que se complementam, ponto para o Trio Mossoró.

Trio Mossoró – Terra de Santa Luzia
Cantagalo

01 Mandacarú (Fernando Lona)
02 Pagode na roça (Zito Borborema)
03 Futucando (Luiz Vieira – Timóteo Martins)
04 Quero ver se não vai dar (Almeida Lopes – Gebardo Moreira)
05 Meu São João (Sebastião do Rojão)
06 Omissão (Almeida Lopes – Gebardo Moreira)
07 Maria Filó (Luiz viera – João do Vale)
08 Balance os cachos (Cacau – Rosalvo Alves)
09 Vida da roça (Antonio Ceará – Francisco Xavier)
10 Baile na pedreira (João do Vale)
11 Madeira Mamoré (José Candido)
12 Nordeste sangrento (Elias Soares)

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São João – Para além da mercadoria

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Recebemos o texto abaixo do Jonas Duarte, professor doutor do Departamento de História da UFPB, em João Pessoa – PB, texto escrito em 24 de junho de 2008.

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São João – Para além da mercadoria.

Marx disse que o capitalismo tem a capacidade de transformar tudo em mercadoria. Essa é a lógica do capital. Ele procurou mostrar como a sociedade inglesa saiu do Antigo Regime para a indústria moderna e, na essência, o que essa faz é a produção de mercadorias. A produção de excedente, de valor de troca.

Infelizmente ou felizmente – sei lá, nesse caso, mais uma vez, Marx tem razão. Na sociedade que vivemos hoje tudo é mercadoria. Tudo é passível de venda, de comércio. Daí o dinheiro ser o verdadeiro Deus dessa sociedade. Vive-se por ele, para ele e em função dele, o dinheiro. Isto é, em função do “equivalente geral” capaz de comprar tudo, de dá toda satisfação ao individuo. O burguês típico não acredita em força sobrenatural nenhuma, apenas na força do dinheiro.

O Deus do capitalismo é o dinheiro, seu filho, a burguesia. Lógico que essa deificação do dinheiro atinge toda sociedade. Ver-se trabalhadores, classe média, lúmpen, intelectuais, artistas e o diabo a quatro, atrás de dinheiro. Tudo vira mercadoria.

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É meio chocante, mas inúmeras vezes já ouvimos ou assistimos nos noticiários, o desbaratamento de quadrilhas que traficavam órgãos humanos: rim, coração, córnea, fígado, etc. Tráfico de pessoas já virou trivial. Parece ridículo, mas o futuro, ou a promessa de um bom futuro virou mercadoria, que se compra em qualquer esquina.

Quantas pessoas não vivem vendendo a capacidade de adivinhar o futuro? Dos astrólogos aos pais de santo… A promessa de felicidade humana se comercializa sem nenhum pudor, até mesmo pela televisão. O reino dos céus, ao lado de Jesus Cristo, é uma mercadoria até barata em algumas religiões cristãs. O rigor exigido para se conseguir entrar lá é que, às vezes, é difícil cumprir.

Virou mercadoria massivamente vendida o esporte e a cultura. Aliás, a Indústria do entretenimento é hoje, uma das que mais cresce no mundo. Hoje se diz com naturalidade que só é possível se ter um bom time de futebol se se tiver muito dinheiro, pois o passe (o direito sobre o atleta) do bom atleta é caríssimo e mantê-lo idem. No mundo das artes é igual. Música, teatro, cinema, televisão, circo, artes plásticas, etc, tudo só com muita grana e no geral, só para os ricos.

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Como tudo nessa área (do entretenimento/diversão) virou mercadoria, essa é a
regra. O poder público também compra seus pacotes, às vezes caríssimos, para oferecer ao público gratuitamente. Mil razões estão por trás dessas ações governamentais. Sendo as principais: dinheiro, voto e notabilidade/prestígio. Afinal, nessa concepção, o “povo” ainda precisa de pão e circo.

É nessa lógica que se realiza na minha cidade, Campina Grande, o “Maior São João do Mundo”. A idéia é oferecer diversão ao público de todas as classes sociais e idade e em troca se faturar um bom dinheirinho. Aqui se tem um movimento no comércio, durante o São João, igual ao do período natalino. Aliás, o nascimento de Jesus é a melhor mercadoria que o capitalismo produziu em sua história. Em todo Ocidente. E pensar que Jesus, dizem uns religiosos amigos meus, era um sujeito simples, contrário a tudo isso. Contra a exploração humana, base dessa venda de mercadorias. É…, nesses casos não há ideologias, não se respeita ideologias. Veja que com o guerrilheiro comunista, marxista Che Guevara, aconteceu o mesmo.

Transformaram seu rosto e seus dizeres revolucionários em mercadorias baratas e valores triviais encontrados em estampas das mais grosseiras e no peito de pessoas defensoras fiéis do capitalismo ou alheio a qualquer idéia de Guevara ou de Jesus (o Jesus dos meus amigos cristãos), porque tem um Jesus, dos capitalistas, que permite a exploração humana na terra em função de uma punição no reino dos céus que não me entra.

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Com o santo João, em Campina, ocorreu o mesmo. É um produto, um pacote de diversão que se vende por toda a cidade. Embora Campina tenha dado essa conotação a festa, ainda na década dos 80, hoje, é praticamente todo Nordeste. São centenas de cidades que vendem o pobre santo.
Mas como diz Marx; nada é absoluto. Nem a mercantilização é absoluta.

Contrariando tudo e a lógica perversa do capital, existe um São João que é festa, pura festa. Há no São João do Nordeste, um movimento anterior e mais forte do que o dirigido unicamente pelo capital em busca de vender suas mercadorias. Existe a negação de toda lógica capitalista. Há uma festa real, verdadeira, de reencontros, de confraternização, de alegria. Que não é religiosa. É humana.

Essa festa é a comemoração da colheita camponesa, que no nosso Sertão, quando há, ocorre por esses dias. Por isso é a festa do milho. A comemoração da colheita é tradição dos “caboclos brabos” nos sertões. Com a forte emigração sertaneja, que ocorre de forma acentuada desde o último quarto do século XIX, nos períodos secos, e o retorno destes, quando da colheita, sempre no mês de junho, se comemora o reencontro de familiares e amigos. Dessa forma virou também, festa de confraternização (maior do que o Natal). E que bom que a lógica mercadológica não acabou com isso. O contrário. Tenho a firme impressão que esse movimento por uma festa de brincadeiras e confraternização cresce, negando a orgia de bandas e bundas num tremelique agonizante e constrangedor, a serviço de empresários que vêem na festa apenas um produto para aumentar seu ativo, muitas vezes, originário no dinheiro público.

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No frio da Borborema, na noite de São João, viu-se, em vários recantos, um povo comemorando as chuvas que caíram generosamente esse ano; viram-se pessoas se abraçarem em reencontros emocionantes de paz e aconchego; pessoas beijando seu solo amado, depois de longa ausência; adorando belas espigas de milho como símbolo de nossa riqueza, contrariando os que teimam dizer que o sertão é pobre. Pessoas cantando e dançando forró, tocado por trios, quartetos e quintetos, dos mais singelos aos mais sofisticados. Formaram-se “blocos de arrasto”, como no carnaval de Olinda, improvisados, organizados por pessoas desconhecidas que ao som do forró apenas se abraçavam, cantavam e curtiam a delícia de se viver, mesmo que apenas por um momento, em harmonia, em comunhão, com alegria; de desconhecidos brincarem como velhos e bons amigos. Existe um São João, em todos os recantos e rincões do Sertão que é a força espontânea de um povo em festa, negando categoricamente, o São João mercadoria. Que bom! Que delícia poder viver um encontro entre humanos, sem estranhamentos, sem violência, sem desconfiança, mas comemorando a vida, a bela vida… Viva São João.

Jonas Duarte, numa deliciosa ressaca, em 24 de junho de 2008.

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