Boicote arbitrário

Na última sexta feira, sofremos um boicote inapelável do pessoal que oferecia o serviço de hospedagem do Blog para o Forró em vinil. O que mais nos incomodou foi a absoluta falta de diálogo e o fato de nenhum canal de comunicação ser oferecido para que pudéssemos reclamar.

Sem nenhuma explicação ou notificação, tiraram nosso Blog do ar. Segundo a mensagem deles, nós violamos os termos de serviço, mas pelo que ficamos sabendo, é uma caça as bruxas.

Felizmente conseguimos voltar ao ar, com todo o conteúdo anterior e esse baque nos fez ter mais vontade ainda de publicar os LPs, e assim, perpetuar o forró autêntico, faceta importante da música popular brasileira.

Devemos esse breve retorno ao amigo Zeca, do Loronix, que gentilmente nos ajudou a fazer essa transição. Coincidentemente, o blog Loronix foi o blog que nos inspirou a criar o Forró em vinil.

Valeu Zeca!!!

Texto – Você realmente sabe o que é o Forró?


Lá estava eu navegando pela rede, quando encontrei esse texto do Zé da Flauta:

“Há quem queira acreditar que a palavra forró vem do inglês “for all” (para todos). Tudo bem, quem quiser acreditar que acredite, mas pra mim isso é conversa pra boi dormir.”

“Há quem queira acreditar que a palavra forró vem do inglês “for all” (para todos). Tudo bem, quem quiser acreditar que acredite, mas pra mim isso é conversa pra boi dormir. Só falta dizer que foram os ingleses que inventaram o forró.

Quando eles chegaram ao Brasil, com a Great Western, para construir estradas de ferro, no início do século XVIII, o forrobodó já existia, assim como o pagode, o samba e o arrasta-pé – que eram expressões para designar as festas populares movidas à música, dança e aguardente. O forrobodó, por ser uma palavra nascida no Nordeste, foi que deu origem à palavra forró. O primeiro registro data de 1733, num jornal chamado O Mefistófolis (o satanás), no número 15: “Parabéns ao Dr. Artur pelo grande forró realizado em sua casa…” .

A construção das estradas de ferro no Nordeste deu origem, também, a algumas palavras do nosso vocabulário como baitola, que vem de bitola; sulipa (“dei uma sulipa nele”), vem de sliper (dormente) e algumas outras que não me recordo agora.

O forró também não é um gênero de música, como muitos acham. Se observarmos um disco de forró, por exemplo, vamos encontrar vários gêneros musicais como côco, xote, xaxado, marchinhas, baião etc. Forró é o coletivo da musicalidade popular do nordestino, a junção da música que vem da sanfona, da zabumba e do triângulo, originalmente, com a cachaça e a dança. Se você diz: “vai ter forró lá em casa”, todo mundo vai ficar sabendo que a festa vai ser legal.

Vários artistas fizeram e fazem sucesso cantando e tocando essa música alegre e contagiante: Luís Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Almira Castilho, Marinês e sua Gente, Trio Nordestino, Jacinto Silva, Toinho de Alagoas, Biliu de Campina, Edmílson do Pífano, Dominguinhos, Cascabulho, Elba Ramalho etc. E vão surgir muitos outros, pois o forró é uma música verdadeira, que fica.

Entra moda, sai moda e o forró tá lá (não confundir com o forró brega que vem do Ceará como Mastruz com Leite, Cavalo de Pau e outras do gênero – que só tem o mérito de empregar vários músicos, bailarinos e técnicos num show de puro entretenimento).

Pra mim, o forró mais gostoso de se ouvir é o pé-de-serra instrumental; cada vez mais raro, pois nos lugares aonde chegava para fazer shows Luiz Gonzaga era muito procurado por sanfoneiros os quais, pra mostrar serviço, tocavam Tico-Tico no Fubá, Brasileirinho e outras similares, cheias de notas e de difícil execução. Seu Luiz olhava pra eles e dizia: “Sanfoneiro que não canta, não ganha dinheiro nem mulher”. Essa postura influenciou muitos músicos bons. Dominguinhos é um exemplo. Pra mim isso é errado, pois esses instrumentistas tocam bem, mas cantam mal.

Por outro lado, há aqueles que ainda dão mais ênfase ao forró instrumental quando gravam um disco. É o caso do grande sanfoneiro Duda da Passira. É comum nos discos de Duda encontrar apenas uma música cantada (normalmente, a última); todas as outras são instrumentais. Quando produzi o disco de Edmílson do Pífano, tive o cuidado de não o deixar cantar. Minha intenção era mostrar ao público a sua verdadeira arte: o dom de tocar aquele canudinho de bambu.

Grande parte da sociedade ainda não assimilou o forró. Acham que é música de pobre, de gentinha, que sanfona é instrumento de cego e coisas assim. Porém, não sabem o que estão perdendo. O forró é a dança mais sensual que já vi em minha vida. Aquele bate-coxa enlouquece qualquer um; a música é alegre, ritmada e contagiante.”

* Zé da Flauta é músico, produtor e coordenador musical da Fundação de Cultura Cidade do Recife (Fonte)

CD – Benício Guimarães – Dialeto cultural

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Esse é o terceciro CD da colaboração do Zé Neto, agora esperamos pelos vinis…. Esse CD foi gravado em 2007 e tem a particularidade de não ter sido lançado. Seguindo a tendência, Benício nos autorizou a divulgar seu trabalho de 2007, mesmo que, com isso, diminua a probabilidade de conseguir lançá-lo por uma gravadora.

Produção de Tiziu, assistência de produção, coordenação artística e percussões de Zé Neto, as sanfonas gravadas pelo próprio Benício e pelo Olivinho, baixo de Carlinho e guitarra de Valmir Neto.

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A temática das composições é bastante particular, retratando o que se passava na vida do autor com o decorrer do tempo e dos anos, a cada produção, a cada disco. Nesse CD não é diferente, desde músicas com temáticas religiosas até as que falam sobre o amor.

Benício Guimarães – Dialeto cultural
2007

01 Isso é o que é o sertão (Benício Guimarães)
02 O apocalipse (Benício Guimarães)
03 Raio de luz (Benício Guimarães)
04 O avô de Deus (Benício Guimarães)
05 As árvores tem vida (Benício Guimarães)
06 Mancha de baton (Benício Guimarães)
07 Minha oração (Benício Guimarães)
08 Alegria do vaqueiro (Benício Guimarães)
09 Tiro o chapéu pra Deus (Benício Guimarães)
10 O colibri (Benício Guimarães)
11 Tributo ao vaqueiro (Benício Guimarães)
12 Guerreiro andante (Benício Guimarães)
13 O povão concorda (Benício Guimarães)
14 Gostinho de sal (Benício Guimarães)
15 Forró blues (Benício Guimarães)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.