CD – Climério Moura – As sanfonas de Climério Moura
Posted on: 7 de março de 2012 /
Colaboração do Carlos Alberto, de Morada Nova – CE
“Nascido nas Contendas, a 12 léguas de Morada Nova, em outubro de 1919, Climério se mudou, em 1928, com o pai Luiz Moura, a mãe Maria Gomes, e onze irmãos, para Horizonte, então distrito de Pacajus.
O pai tivera umas terras, que foram do avô, onde plantava, mas os negócios desandaram. Morreu quando ele tinha 12 anos, e deixou a família sob a guarda do menino, que teve pouco tempo para estudar, já que a responsabilidade o levava para o trabalho, no caso para a música.
‘Em tudo quanto era cirquinho vagabundo eu tocava, e nos forrós. Deu nos ouvidos, dava nos dedos’, faz o balanço hoje.
Casou em 1940, com dona Nair, e tiveram quatro filhos, nenhum sanfoneiro.
É grato ao maestro Coutinho, de Morada Nova, que o “abraçou” e, anos depois, chegou à conclusão de que Climério “tinha os dedos ligados nos ouvidos”.
Uma curiosidade é que improvisava na sanfona, como o pessoal do ‘jazz’, ou como os emboladores do coco, ele compara, ‘que estão dizendo, na hora, o que estão vendo, e tudo dá certo’.
Cantou até comprometer as cordas vocais, mas gostava mesmo dos solos, e tudo o que tocava era composto por ele. Guardava tudo na memória e, juntava fragmentos que resultavam em outras músicas, variações de um mesmo tema.
Outro fato digno de registro é sua capacidade de fabricar e afinar instrumentos. Como a sanfona de oito baixos oferecia poucas possibilidades improvisou, com o carpinteiro Joaquim Anastácio, uma de quarenta baixos, com armação de madeira, e botões de peças de rádio, que ainda hoje toca.
Também tocou sanfona “a piano” ( de 80 e 120 baixos) . E faz questão de tocar as duas, o que ficou explícito no disco que gravou para um selo paulista, em 1982.
Admira Luiz Gonzaga, mas “só gostei de tocar música minha”, diz categórico.
Aos oitenta e quatro anos, sem ter conseguido se aposentar, mora em uma casa no centro de Pacajus, em cuja varanda pontificam as pinturas primitivas de Chico Rita: paisagens do sertão, cenas de mar, e uma Iemanjá que encima o painel. Na garagem, uma sanfona desmontada, e um fuscão preto velho de guerra.
Reclama da vida, diz que há dez anos vive doente, queixa-se de “trabalho feito”, mas se transforma quando abre o fole da sanfona e executa suas composições. Difícil não se emocionar com a força que emana, com seu talento, com o som que os nostálgicos chamam de ‘pé-de-serra’.
Às vezes, toca com uns amigos, que se reúnem em sua casa, nos finais de semana, mas não faz festas. Ficam o eco e a memória de sua sanfona, neste mundo mágico do sertão.” (Fonte)
Climério Moura – As sanfonas de Climério Moura
2007
01 Chegando a Pacajús (Climério Moura)
02 Quinto centenário (Climério Moura)
03 Eu te amo meu bem (Climério Moura)
04 São Paulo – Rio (Climério Moura)
05 Andando a pé (Climério Moura)
06 Teimoso (Climério Moura)
07 Pisa no salão (Climério Moura)
08 Xoteando (Climério Moura)
09 Cachorro enganchado (Climério Moura)
10 Forró em Fortaleza (Climério Moura)
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