CD – Edigar Mão Branca – Truvêjo
Colaboração do Jussye do Acordeon, de Caetite – BA.
“Edigar Mão Branca, por sua condição de artista, ofereceu à cultura nordestina, até aqui, uma obra musical que pode seguramente ser classificada como produção do mais elevado nível, com cuidados especiais com a poesia, melodia, arranjos e companheiros de estrada como a Banda Foguete e tantos membros que com ele se apresentaram, oferecendo através do bom e indispensável forró, uma música que o eleva à categoria dos grandes. É muito mais reconhecimento do que exagero considerar que Edigar Mão Branca é um dos poucos herdeiros do Rei do Baião, o eterno Luiz Gonzaga.
Desde “Pau de Atiradeira”, de Papalo Monteiro, música com a qual foi apresentado no cenário regional, o forrozeiro dedica sua soberba capacidade criativa a apresentar suas novas canções nos Cds lançados anualmente, precedendo o período mais feliz do Nordeste, o bom e velho São João, simbólica festa da fartura e da alegria.
A popularidade dos Cds do forrozeiro não é a mesma de alguns anos atrás, no entanto, a qualidade não se perdeu. Esta certeza pode ser conferida no novo trabalho do forrozeiro, no CD “Truvêjo”, nome da quinta faixa do disco, num convite para uma boa noite de forró, acompanhado de quentão, licor, batida, biscoito, bolo e uma boa fogueira para iluminar e esquentar ainda mais festa.
A mão branca posta no ombro na capa do CD não aparenta ser casual. Tomada pelo vitiligo, aspecto que lhe deu o consagrado nome, Edigar Mão Branca parece querer revelar um pensamento, uma espécie de “reindentificação” com sua própria música, com o trabalho que o tornou súdito do Rei do Baião.
Nas 14 faixas de “Truvêjo”, disponibilizadas gratuitamente aqui no site, Edigar Mão Branca reafirma sua veia de poeta, crítico social, ambientalista e por final, forrozeiro, sem sombra de dúvidas, um dos melhores do Brasil. A primeira faixa são cinco em uma. “Fera Braba”, “Barco nágua”, que são domínio público, “Trovoada catingueira” e “Aquecimento Global”, do próprio forrozeiro e “Lambida do boi” (Teodoro e Sampaio) formam um poutpourri, com bônus de mais quatro canções, no estilo genuinamente maobranquiano.
Para ampliar o disco em 20 canções no total, outro poutpourri vem com as canções de João Silva, “Aprendi com o rei”, “Preciso do teu sorriso” e “Você já fez morada em meu sorriso”, faixa seguida de “Cavalgueiro mercenário”, uma inteligente observação bem traduzida sobre as atuais cavalgadas, onde Mão Branca constata: “Outro dia fui a uma cavalgada não vi um cavalo, não vi um vaqueiro. Só via moto e carro de som zoando, a moçada delirando e não ouvi som de vaqueiro”.
“Relâmpago e trovão”, de Pinto do Acordeon, traz o homem decidido a tudo para reconquistar sua amada, e diz: “enquanto eu sentir batendo o coração, meu bem eu te procuro, por toda a região, atravesso o mar, vou de avião, meu bem eu não suporto viver nesta solidão”.
“Esse menino” é um homenagem ao mestre Dominguinhos. “Cadê tu? Vem cá, esse menino. Será pra onde foi meu sanfoneiro? Me diz onde que tu tá meu passarinho, será que tá bem guardadim meu timoneiro” que ganha como música incidental “Isso aqui tá bom demais”, composição de Domiguinhos e Nando Cordel.
“Nas asas de um vento leve, me leve meu querubim, carrega pra longe a saudade e a felicidade traga pra mim” é o trecho de “Não é pouco não” (Flávio Leandro, Danísio Leandro e Vanvan Jorge) onde aparece o Edigar Mão Branca romântico, uma das características do forrozeiro, também conferida em “Água de Coco”.
Mão Branca surpreende mesmo nas faixas em que traz composições de Guilherme Menezes e do “Bode Velho” Elomar Figueira Mello, com as músicas “O velho índio” e “Curvas do rio”. A primeira é uma canção onde um avô lamenta ao netinho sobre aquilo que “era uma mata tão bonita” e a seguinte trata-se de um clássico do menestrel e trovador Elomar, que diz: “vou correr trecho, vou procurar uma terra pra pudê trabaiá”.
O lado ambientalista também brota na música Nanotecnologia, que “não é onça, cascável nem pelicano, é um trem chamado nano, nanotecnologia. A coisa é chique, é invenção dos “humano”, é uma coisa chamada nano, nanotecnologia”. Em seguida vem “O presidente e o lavrador”, de Léo Canhoto e Robertinho, onde o trabalhador da zona rural pede um olhar especial à gente da roça. “Vossa excelência precisa ir no interior, pegar na mão do lavrador e ver o seu rosto queimado. Aqueles calos que eles têm eu lhe asseguro, são de um trabalho duro, muito honesto e muito honrado”, diz a canção.
Em “Eu e a sanfona” o forrozeiro fala da história, da parceria, das léguas corridas e festas ao lado da velha sanfona, uma declaração de amor, cumplicidade e companheirismo. Para fechar o bom disco, Edigar Mão Branca oferece o que seria um “foreggae”, na canção “Aqui nasceu o Brasil”, com as características do país tropical que sugere festa, liberdade, representadas “em qualquer estação, chuva, calor ou frio, aqui transborda emoção, aqui nasceu o frio”.
“Truvejo” traz Edigar Mão Branca ‘in natura’, com todo o seu vigor de forrozeiro, de produtor e exigente artista, que tem a participação dos músicos Jussiê do Acordeon, Luciano PP, Dudu Cardoso, Rob Gow, Nuno Souza, Natália Bueno, Carla, Celminha e Kléber. Trata-se de mais uma pérola da produção forrozeira do Brasil, que pode ser conferida todos os dias, no Programa Pisada Forrozeira, às 11:00, agora em outra estação, a Rádio Clube de Vitória da Conquista.”
Edigar Mão Branca – Truvêjo
2014
01. Fera Braba (Pout Porri)
Braco N`Água (Edigar Mão Branca)
Trovoada Catingueira (Edigar Mão Branca)
Aquecimento Global (Edigar Mão Branca)
Lambida Do Boi (Edigar Mão Branca)
02. Relâmpago E Trovão (Pinto do Acordeon)
03. Esse Menino (Edigar Mão Branca)
04. Não É Pouco Não (Edigar Mão Branca)
05. Truvêjo (Edigar Mão Branca)
06. Aprendi Com O Rei (Pout Porri)
Preciso Do Teu Sorriso (João Silva)
Você Já Fez Morada Em Meu Juízo (João Silva)
07. Cavalgueiro Mercenário (Edigar Mão Branca)
08. O Velho Índio (Guilherme Menezes de Andrade)
09. Água De Coco (Edigar Mão Branca)
10. Curvas Do Rio (Elomar Figueira Mello)
11. Nanotecnologia (Edigar Mão Branca)
12. O Presidente E O Lavrador (Leo Canhoto – Robertinho)
13. Eu E A Sanfona (Edigar Mão Branca)
14. Aqui Nasceu O Brasil (Edigar Mão Branca)
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