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Luizinho Calixto – Domingos

Colaboração do Luizinho Calixto. Esse é o seu mais recente trabalho.

Nem sempre é bom fazer comparações.

Quando se fala em arte, fica mais difícil ainda de se comparar ou traçar paralelos.

Mas, nesse caso, podemos brincar com esse conceito, pois, afinal de contas, são dois instrumentos diferentes.

Dominguinhos é para o Acordeon (120 Baixos) um dos maiores, mais geniais e versáteis tocadores da história do instrumento. Luizinho Calixto está para o Fole de 8 Baixos da mesma forma.

Se tiver que definir quem é Luizinho Calixto, ele é o “Dominguinhos” dos 8 Baixos.

Luizinho é paraibano, campinense e é o caçula de 10 irmãos e irmãs, em uma família musical. Cresceu envolto no ambiente musical e artístico. Desde criança frequentou os palcos e conviveu com grandes ícones do Forró.

Seu pai, conhecido como “Seu Dideus”, foi um famoso tocador da região. Junto com seus irmãos Zé Calixto e Bastinho Calixto, também especialistas no instrumento, Luizinho ajudou a difundir o Fole de Oito Baixos Nordestino para todo o Brasil. Gravou seu primeiro disco em 1975 e desde então mantem sua produção fonográfica constante durante as décadas.

Após meses de gravações e muita apreenção, em um momento de respiro após ouvir o trabalho finalmente pronto e mixado, com o olhar e o semblante tranquilos, aquele suspiro de satisfação, algo que as vezes é dificil tirar de um veterano. Luizinho sorriu e admitiu que esse é o seu melhor disco.

O artista sempre se apaixona pelo resultado de cada ciclo, mas esse em particular, projeta brilhantemente o Fole de Oito Baixos Nordestino para o mundo, fomentando o Forró, sua percussividade e sua harmonia orgânica e dando base para o melhor da música instrumental, com improvisos, fusões e diálogos, entre instrumentistas e forrozeiros.

No início dos anos 2000, Luizinho encontrou Dominguinhos nos bastidores de um show, tocaram juntos um pouquinho, brincando com os Foles, e foi ai que Luizinho tocou algumas músicas gravadas originalmente por Abdias, Zé Calixto e Dominguinhos, na década de 1970.

Dominguinhos ficou encantado. “De quem são essas músicas lindas?”, perguntou.

Luizinho respondeu: “São suas!”.

Durante as gravações no estúdio da CBS, frequentemente Dominguinhos interagia com Abdias e sempre mostrava ou ‘inventava’ uma música nova, de improviso, na hora.

Abdias falava: “Vou gravar isso!”

E Dominguinhos sempre concordava.

Sendo assim, na época, Abdias gravou várias músicas e creditou a autoria a Dominguinhos e Anastácia.

Voltando pra aquele camarim, voltando pro encontro entre Luizinho e Seu Domingos.

Dominguinhos perguntou: “Porque você não regrava essas músicas?”

Bom… a semente foi plantada, Luizinho cultivou esse sonho e finalmente, depois de quase 20 anos, o mestre tocador de Sanfona de 8 Baixos, gravou um novo disco para atender o pedido do amigo Dominguinhos.

Em 2021 foram feitas as gravações nas quais Luizinho Calixto recebe e conversa com diferentes convidados a cada faixa, absorvendo influências e comprovando a versatilidade do Forró. Muitas participações super especiais, vindas de diferentes partes do Brasil e do mundo.

Diferentes instrumentos e experiências interagem com o Fole de Oito Baixos de Luizinho. Cordas, Sopros e teclas, simbolizando toda a evolução do Forró e da música brasileira através dos tempos.
O habil dedilhar de diferentes músicos, quase todos brasileiros, nascidos em diferentes lugares do Brasil e radicados em direntes lugares do mundo, difundindo e ensinando a música brasileira.

A finalização e mixagem final foi feita por Douglas Marcolino, que também participou em uma das faixas como convidado. O Violão de 7 cordas foi gravado pelo Márcio Ramalho e o Cavaco pelo Júlio César (Gugu), ambos de Fortaleza – CE.

Sobre uma base gravada pelo próprio Luizinho Calixto, foram recebidas as participações de Scurinho Zabumbada (Aracajú – SE) e Dil Brasil (Belo Horizonte – MG), ambos no Zabumba. Nos Pandeiros, Túlio Araújo (Belo Horizonte – MG), Sandrinho Dupan (Campina Grande – PB) e Emerson Taquari (Salvador – BA).

A seleção do repertório foi feita pelo próprio Luizinho a partir das músicas instrumentais de Dominguinhos e Anastácia, gravadas originalmente entre 1970 e 1978. Recebendo uma música mais recente, do finalzinho da década de 1990, e um clássico de autoria de Raimundo Calazanz da Silva, gravado originalmente no LP do Dominguinhos de 1973.

A composição mais recente é Relembrando os Velhos Tempos, de Dominguinhos, gravada originalmente em seu álbum de 1998. Nessa gravação, participaram: no Trompete, Moisés Alves, campinense radicado em Brasília – DF; e o Maestro Marcos Farias, campinense radicado no Rio de Janeiro – RJ, no Piano acústico. O zabumba no ritmo de samba de latada acolhe essa mistura de instrumentos de forma única.

A maioria das demais composições foram originalmente gravadas em álbuns do Abdias. De 1970, essa versão de Homenagem a Januário (Dominguinhos) conta com a linda participação de Adelson Viana, no acordeon de 120 baixos, de Fortaleza – CE; e a magnífica Desafiando o Acordeon (Dominguinhos) com Diogo Guanabara, potiguar radicado em Lisboa, esbanjando bom gosto no bandolim e no violão tenor.

A parceria continuou nos anos seguintes e de 1971, temos 8 Baixos pra Frente (Dominguinhos – Anastácia) na qual Luizinho interage com o Acordeon 120 baixos de Douglas Marcolino, produtor e acordeonista alagoano radicado em Paris, França. Do álbum de 1972, veio o clássico Arrastando as Alpargatas (Anastácia – Dominguinhos) com a brilhante participação de Vitor Diniz, na flauta transversal, pernambucano radicado em Sttutgart, Alemanha.

A cada ano novas composições, em 1973, Forroriando (Dominguinhos – Anastácia), nessa primorosa gravação, o disco recebe a genial participação do mestre Oswaldinho do Acordeon. Recebe também o multiinstrumentista Cleber Almeida, na bateria, que conferiu um balanço espetacular nessa faixa. Na composição Esquentadinho (Dominguinhos – Anastácia) recebeu Gennaro, sanfoneiro alagoano radicado no Recife, em uma magnífica interpretação desse clássico.

No ano seguinte, 1974, foi lançado Tem Fuzuê (Dominguinhos – Anastácia) aqui recebe a técnica e o balanço do recifence radicado em Brasília – DF, Cacai Nunes, na viola. De 1975, vem a música Forró Metido a Besta (Anastácia – Dominguinhos) que nessa releitura recebe o talento e a técnica do Maestro Marcos Farias ao piano.

Do disco de 1977 vem a música De Rabicho Atacado (Dominguinhos – Anastácia) na qual Luizinho apresenta duas diferentes sanfonas de 8 baixos, com timbres distintos. E do ano seguinte, de 1978, vem as composições De Levantar Poeira (Dominguinhos – Anastácia) que aqui recebe a participação mágica de Mestrinho, acordeonista alagoano radicado em São Paulo; e a impecável interpretação de Forró do Mengo (Dominguinhos – Anastácia) com participação de Cláudio Rabeca, conferindo à música uma sonoridade inigualável.

A música Forrozinho Aperreado (Dominguinhos) foi originalmente gravada no LP de Zé Calixto Pro Povo Dançar e aqui recebeu as participações de Nonato Lima, no acordeon de 120 baixos, de Fortaleza – CE e na alquimia do ritmo, as guitarras Luciano Magno, bahiano radicado no Recife – PE, proporcionando a essa faixa um balanço aconchegante.

Garoto do Pife (Raimundo Calazanz da Silva) gravada originalmente no disco do Dominguinhos de 1973, Tudo Azul. Nessa releitura épica, a gravação recebe a leveza e precisão do violino de Nicolas Krassik, parisiense radicado em São Paulo – SP; e a percussividade dos pífanos de Carlos Valverde, paulista radicado em Toulouse, França. Amalgamados pelo enigmático Fole de Oito Baixos de Luizinho Calixto.

 Luizinho Calixto – Domingos
2022 – Forró em Vinil

01 Garoto do Pife (Raimundo Calazans da Silva) part. Nicolas Krassik e Carlos Valverde
02 Forroriando (Dominguinhos – Anastácia) part. Oswaldinho do Acordeon e Cleber Almeida
03 Forró do Mengo (Dominguinhos – Anastácia) part. Claudio Rabeca
04 Homenagem a Januário (Dominguinhos) part. Adelson Viana
05 Tem fuzuê (Dominguinhos – Anastácia) part. Cacai Nunes
06 Relembrando os velhos tempos (Dominguinhos) part. Moisés Alves e Marcos Farias
07 Arrastando as Alpargatas (Anastácia – Dominguinhos) part. Vitor Diniz
08 Oito Baixos pra frente (Dominguinhos – Anastácia) part. Douglas Marcolino
09 Desafiando o Acordeon (Dominguinhos) part. Diogo Guanabara
10 De levantar poeira (Dominguinhos – Anastácia) part. Mestrinho
11 Forró metido a besta (Anastácia – Dominguinhos) part. Marcos Farias
12 Esquentadinho (Dominguinhos – Anastácia) part. Gennaro
13 Forrozinho aperreado (Dominguinhos) part. Nonato Lima e Luciano Magno
14 De rabicho atacado (Dominguinhos – Anastácia) part. Nonato Lima (Faixa extra)

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Livro – O que é o Forró? (2022) – Ivan Dias e Sandrinho Dupan

Sumário
Timeline
00 Apresentação
01 As origens do Forró
02 De onde vem o Forró?
03 O que é o Forró?
04 Conjunto de ritmos
05 O que a palavra Forró significa?
06 O Forró e suas danças
07 A festa
08 Os ritmos
08.01 Lundu
08.02 Samba
08.03 Coco
08.04 Baião
08.05 Xote
08.06 Arrastapé
08.07 Xaxado
08.08 Forró
08.09 Rojão
09 Instrumentos do Forró
09.01 Pífano
09.02 Viola
09.03 Rabeca
09.04 Gaita de Boca
09.05 Pé de Bode
09.06 Fole de 8 Baixos
09.07 Acordeon de 120 Baixos
09.08 Ganzá e Reco-reco
09.09 Pandeiro
09.10 Agogô
09.11 Melê
09.12 Zabumba
09.13 Triângulo
09.14 Conjunto Regional
09.15 Baixo, Bateria e Guitarra
10 Revoluções tecnológicas
11 As expressões de duplo sentido
12 Ramificações do Forró
13 Forró Tradicional (1940s)
13.1 Principais Artistas e Trios do Forró Tradicional
14 Sanfoneiros
15 Compositores
16 Forró MPB (1970s)
16.01 Principais Artistas do Forró MPB
17 Forró Eletrônico (1990s)
17.01 Principais Artistas do Forró Eletrônico
18 Forró Universitário (2000s)
18.1 Principais Bandas do Forró Universitário
19 Cenário atual no Brasil
19.01 Principais Artistas Recentes do Forró Tradicional
20 O Forró conquistando o mundo
21 Influências do Forró na música contemporânea
22/23- Cenário Futuro / Leituras Complementares
24/25/26 – Autores / Agradecimentos / Bibliografia

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Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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Timeline – Livro – O que é o Forró? (2022)

43k a 82k A.C. Flauta com Escala de sete notas de osso de urso em acampamento neanderthal (Eslovênia)
18k a 28k A.C. Apitos paleolíticos (uma nota)
8k A.C. Primeiros tambores
6k A.C. Tambor (República Checa)
4k A.C. Tambores (Egito)
3k A.C Tambores (Iraque)
2700 a.C. Invenção do Cheng – palhetas e acordes (China)
0 Pífano é encontrado em túmulo de 2000 anos (Brasil)
711 Invasão moura na europa (séculos 8 a 12)
1415 Colonização da África
1441 Chegam os primeiros africanos escravizados em Lisboa
1442 Primeiro registro Guitarra
1444 Primeiro leilão de escravos africanos (Algarve – Portugal)
1459 Primeiro registro da Viola
1483 Colonização do Congo
1494 Tratado de Tordesilhas
1496 Primeiro livro sobre Dança (França)
Final séc 15 e início do 16 Primeiros registros sobre o Semba (Lisboa)
1500 Início da colonização do Brasil
1502 Ciclo do Pau-Brasil (1502 – 1530)
1513 O Rei Manikongo se alia aos portugueses no fornecimento de escravos para o tráfico
1530 Ciclo do Açucar (1530 – 1650)
1530 A Viola a chega ao Brasil
1534 Início das Capitanias Hereditárias
1538 Início do tráfico negreiro para o Brasil
1537 Primero registro Sarau
1537 Fundação Recife – Pernambuco
1568 Primeiro teatro em Madri (Corrales)
1549 Fundação de Salvador – Bahia
1549 Chegada dos Jesuítas
1555 França Antártica na Baía de Guanabara (1555 – 1570)
1554 Fundação São Paulo – São Paulo
1559 Proibição de bailes e ajuntamentos de escravos (Lisboa)
1565 Fundação Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
1580 Quilombo de Palmares (1580 – 1710)
1581 União Ibérica (1581 – 1640)
1583 Proibidos os Bailes indígenas
1589 Registro Branle de Poitou (Precursor do Minueto)
1594 Ópera (Itália)
Final séc 16 e início do 17 Invenção do Violino (Itália)
1612 França Equinocial no Maranhão (1612 – 1615)
1612 Fundação de São Luiz – Maranhão
1616 Fundação de Belém – Pará
1623 Registro de baile na cidade de São Paulo
1624 Invasão Holandesa na Bahia (1624 – 1625)
1630 Invasão Holandesa em Pernambuco (1630 – 1664)
1640 Invasão Holandesa no Maranhão (1641 – 1654)
1680 Aproximadamente Gregório de Mattos cita o Gandum
1684 Aumenta o tráfico negreiro e a quantidade de alforrias
1694 Ciclo do Ouro (1694 – 1760)
1697 França invade o Amapá (São expulsos no mesmo ano)
Final séc 17 e início do 18 Surgem os Chorões (Bandas de escravos e ex escravos)
1711 Fundação Ouro Preto – Minas Gerais
1712 Registro Fandango (Europa)
1727 Proibição do Tupi nas cidades e povoados
1727 Primeiro registro Banda de Pífanos (Lagarto – Sergipe)
1730 Dança Fofa da Bahia (Lisboa)
1730 Primeiro teatro no Brasil (Sabará – MG) Casas de ópera
1735 Proibição dos Kalundus
1750 Cangaceirismo (1750 – 1940)
1753 Gandum (Lisboa)
1755 Terremoto em Lisboa
1759 Expulsão dos Jesuítas
1760 Ciclo do Algodão (1760 – 1820)
1761 Abolição do tráfico de escravos em Portugal continental
1763 Salvador deixa de ser a capital do Brasil
1770 Lundu (Lisboa)
1775 Modinha (Lisboa)
1778 Valsa (Viena)
1793 Lundu (Lisboa)
1797 Valsa (Brasil)
1808 A Valsa se torna mais frequente com a transferência da coroa portuguesa para o Brasil
1808 O Rei João VI proibe os Lundus nas festas de salão da corte
1808 O Rei ordena que os índios não integrados sejam exterminados
1817 Os peditórios com tambores são proibidos
1817 Primeiro registro de um endereço que ensinava diversas disciplinas, entre elas a dança
1817 Registro Fado
1822 Proclamação da independência do Brasil
1822 Invenção da Gaita de Boca (Alemanha)
1829 Invenção da Gaita de Mão (Viena) Primeiro modelo de Acordeon
1831 Proibição da importação de escravos (Lei pra inglês ver)
1833 Primeira citação do Forró (a Festa)
1837 Polca (República Checa – Praga)
1838 Primeiro registro samba
1843 Primeiro registro da palavra Baião
1845 A Polca chega no Brasil
1845 Chegada dos primeiros acordeons ao Brasil
1847 Primeiro livro sobre dança de salão Inglaterra
1850 Proibição do Tráfico negreiro
1850 Ciclo do Café (1850 – 1930)
1854 Primeira ferrovia (Rio de Janeiro)
1858 Segunda ferrovia (Pernambuco)
1864 Guerra do Paraguai (1864 – 1870)
1866 Ciclo da Borracha (1866 – 1913)
1870 Primeira citação do Samba (ritmo)
1880 Primeiro registro da expressão “Dança de Salão” RJ
1880 Surge o Xote (O scottich chega ao Brasil)
1881 O Fonógrafo chega ao Brasil
1881 Início das atividades da Great Western of Brazil Railway (Recife – Limoeiro)
1883 Forrobodó recebe o seu primeiro registro em dicionários da língua portuguesa
1888 Abolição da escravatura
1888 Invenção Gramofone
1889 Fim da monarquia e inicio da república
1890 Proibição da Capoeira
1902 Lundu primeiro gênero musical gravado no Brasil
1912 Luiz Gonzaga (1912 – 1989)
1917 Primeiro Samba é gravado
1919 Jackson do Pandeiro (1919 – 1982)
1920 Últimos registros de escravos em fazendas do interior de São Paulo
1922 Primeira transmissão de rádio
1937 Primeiro uso da palavra Forró no título de uma música
1939 Gonzaga compõe e grava marchas de carnaval
1941 Gonzaga grava o primeiro baião
1948 Início do uso dos discos de vinil
1950 Início Televisão
1972 Forró MPB
1992 Forró Eletrônico
1999 Forró Universitário
2003 Forró Internacional
2020 Pandemia COVID-19

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap00 – Apresentação – Livro – O que é o Forró? (2022)

Toda raiz vem da semente

A mistura das raças no Brasil permitiria, ao longo dos séculos, o surgimento de uma cultura musical sem similaridades no restante do planeta, adornada por qualidades rítmicas, melódicas e poéticas, resultando numa diversidade de gêneros que embalam e encantam gerações. O forró é uma das árvores desse pomar sonoro.

Enraizado no nordeste brasileiro, o estilo e suas variáveis conquistaria o país e o mundo a partir do surgimento da indústria fonográfica e da “urbanização” de um cancioneiro essencialmente rural, disseminado por talentosos e desbravadores artistas, em períodos e feitos variados, a exemplo de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês, Abdias, João do Vale, Dominguinhos, Sivuca, Jacinto Silva, Elino Julião, Genival Lacerda, Pinto do Acordeon, Anastácia, Nando Cordel, Maciel Melo, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e uma gama de outros intérpretes, compositores e grupos (como o inigualável Trio Nordestino e as eternas marchinhas de Antônio Barros), que têm no forró tradicional o principal nutriente de suas bem sucedidas trajetórias, semeando vivências, memórias e muito forrobodó. Germinando arte na aridez do mercado.

Nesta cartilha, voltada para um público iniciante nos ritmos e danças do balaio forrozeiro (baião, coco, rojão, arrasta-pé, xaxado, xote, entre uma gama variada de outros toques e passos), os pesquisadores, músicos e produtores Ivan Dias e Sandrinho Dupan reuniram dados e experiências, misturando batidas e movimentos com elementos históricos, essenciais a uma compreensão básica sobre o assunto. Jogam sementes no ar.

Tema complexo e abrangente, o forró ganha uma trilha segura aos que desejam, além de ouvir, dançar e cantar, entender um pouco sobre o fascínio que as músicas do cardápio nordestino exercem sobre homens e mulheres que se deixem abraçar por seus longos galhos sonoros, sensoriais e solenes: um trio de emoções garantidas.

Basta soprar a agulha, rodar o disco e passar os olhos.

Fernando Moura (Jornalista e escritor)

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Cap01 – As origens do Forró – Livro – O que é o Forró? (2022)

Este texto pretende ser apenas a introdução ao amplo e fascinante universo do Forró, das suas origens até a atualidade, abordando resumidamente algumas facetas dentro de um tema tão cheio de detalhes. Uma base para futuros aprofundamentos.

É importantíssimo ressaltar que o Forró, ou os elementos que juntos viriam a se misturar e evoluir até chegar ao Forró que conhecemos hoje em dia, surgiu durante uma época bastante conturbada da história do Brasil, o período da escravatura, no qual os conceitos éticos e étnico eram muito diferentes.

Ao longo do texto, sempre que falarmos de negros, pretos ou africanos, estaremos falando de escravizados traficados, seus descendentes ou alforriados (ex-escravos); quando falarmos de indígenas, estaremos provavelmente falando de escravizados, invadidos e/ou catequizados; e quando falarmos de europeus, estaremos falando dos brancos ricos da elite e dos colonos pobres também.

Os colonizadores brancos chegaram ao Brasil em 1500 e trouxeram os primeiros negros escravizados no final da década de 1530. A abolição da escravatura foi assinada em 1888, mas os últimos registros oficiais de escravidão são de 1920. Portanto, em grande parte, o Forró se desenvolveu durante o período escravista.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap02 – De onde vem o Forró? – Livro – O que é o Forró? (2022)

A resposta é complexa, pois envolve aspectos históricos sobre música, dança e a própria miscigenação no Brasil, desde a colonização, passando pela escravatura, ciclos econômicos, movimentos sociais, pelo cangaceirismo e a evolução tecnológica.

O Forró vem basicamente da miscigenação cultural, musical e étnica, da quebra de paradigmas e da vontade intrínseca do ser humano de confraternizar, dançar, cantar e amar. Abordagens relacionadas serão destacadas no decorrer da leitura, buscando um melhor entendimento.

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Cap03 – O que é o Forró? – Livro – O que é o Forró? (2022)

1. Forró é um Gênero musical composto por um conjunto de ritmos (subgêneros)
2. Forró é um dos subgêneros desse conjunto de ritmos
3. Forró é um conjunto de diferentes formas de dança
4. Forró é o nome de um tipo de festa

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Cap04 – Conjunto de Ritmos – Livro – O que é o Forró? (2022)

Os ritmos mais importantes desse conjunto de subgêneros são: Coco, Baião, Xote (ou Chote, ou ainda Xótis), Arrastapé, Xaxado, Samba, Rojão e Forró.
Também fazem parte desse conjunto de ritmos: Toada, Martelo, Quadrado, Brejeira, Chamego (ou Xamego), Marchinha Junina, Galope, Calango, Embolada, Rancheira, Fandango, Choro e Ciranda, entre outros.

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Cap05 – O que a palavra Forró significa? – Livro – O que é o Forró? (2022)

Muitos atribuem equivocadamente o termo “Forró” à expressão “for all”, o que numa tradução livre significa “para todos”. Supostamente cunhada pelos ingleses da companhia férrea “Great Western”, estabelecida no nordeste brasileiro por 70 anos a partir de 1881 e/ou como forma de atrair a soldadesca americana, durante a segunda guerra, às reuniões musicais (e dançantes) realizadas nos galpões das estações, também conhecidas como “a Festa”, “o Samba”, “o Pagode”, “o Zambé”, “o Arrastapé” e/ou “o Forró”. Mais antiga que as peripécias estrangeiras, não seria difícil imaginar exatamente o inverso, tendo a arraigada palavra do vocabulário local ativado uma espécie de “trocadilho bilíngue”, sutil expressão do humor inglês misturada à inventividade tropical, pendurada nas famosas plaquinhas da memória coletiva. “Forroóóll”?

Mais convincente – e embasada – é a linha de raciocínio que aponta a palavra Forrobodó como sendo a fonte original da abreviatura Forró, que chegou ao Brasil com os africanos escravizados de diferentes grupos étnicos. No ramo linguístico bantu significa “bagunça” ou “confusão”, circunstâncias frequentes nesses bailes populares do interior nordestino do século 19.

Fossem nas casas de fazendas, terreiros dos sítios, quintais ou ruas dos povoados, os encontros misturavam variados estilos musicais e expressões corporais (dança). Uma grande miscigenação cultural aconteceu na música, nas danças, nos costumes e no idioma.

Até hoje podemos notar influências e apropriação de palavras africanas absorvidas pelo português falado no Brasil. Uma palavra muito presente no vocabulário nordestino é “Xodó”, que significa companheiro(a) ou xamego, na língua Fon, originária do Golfo de Benin, na África Ocidental.

A partir de meados do século 19, a formação instrumental da música do Forró passou a ser centralizada na lendária Sanfona de 8 Baixos. Entretanto, os encontros, festas e confraternizações datam de muito tempo antes e eram animadas por diversos instrumentos, como Pífanos, Gaitas, Violas e Rabecas, dentre muitos instrumentos de percussão. Esse eclético conjunto de gêneros, encontros, ritos, danças e prazeres intitulou-se “Forró”.

Nesses encontros havia música cantada e tocada, ao vivo, e muita dança. Pessoas de todas as idades, de diferentes classes sociais, casados, solteiros, crianças, adultos, jovens e idosos, dançavam sozinhas ou em pares.

A manifestação cultural ganharia maior força com a expansão da indústria fonográfica e as projeções midiáticas do pernambucano Luiz Gonzaga, no início da década de 1940, e do paraibano Jackson do Pandeiro, na década de 1950. Foram os principais expoentes da popularização nacional dos ritmos originalmente nordestinos, como Baião, Coco, Rojão, Xaxado e Arrastapé, entre outros, chancelados todos com o selo “Forró”.

Nessa época, a popularização do rádio, aliada ao desenvolvimento das tecnologias de gravação e reprodução de áudio, ao charme dos discos de vinil e às vozes destes representantes da cultura nordestina, espalharam o Forró para todos os cantos do Brasil. Divulgaram a música e fomentaram sobretudo os eventos, encontros, bailes e confraternizações, o que potencializou, regionalmente, diversas maneiras de dançar e se expressar.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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Cap06 – O Forró e suas Danças – Livro – O que é o Forró? (2022)

Forró é música e também é dança, uma depende da outra para atingir seus objetivos estéticos e sensoriais. É uma “dança social”, na qual a unidade básica da dança é um par independente. Um chama o outro para o calor da festa. Dança-se a dois, frente a frente. Assim como as sonoridades, os movimentos e improvisos do Forró são ricos em variações, em função das localidades, dos espaços e influências recebidas.

O passo básico de dança para a maioria dos ritmos do Forró é conhecido como “dois, dois”. Ou seja: “dois pra cá e dois pra lá”. Dois passos pra um lado e dois pro outro. Dois pra frente e dois pra trás. Direita, direita, esquerda, esquerda.

A partir daí, entram os giros, pausas, improvisos e floreios, sempre mantendo a métrica temporal do “dois-dois”.

Após séculos de desenvolvimento, podemos notar hoje elementos remanescentes das influências africanas, europeias e indígenas no Forró. Na sua dança e na sua música, com particularidades em cada região brasileira.

Essa mistura de influências, ocorreu nas três Américas, a partir de meados do século 16, durante o período da colonização. Variavam as localidades, as etnias dos africanos, as tribos locais e os países de origem dos colonizadores. Uma fórmula comum que se desenvolveu de formas distintas em cada colônia.

No Brasil, essa fusão aconteceu de forma única no mundo, a dança ternária europeia foi derretida carinhosamente na divisão binária e se encaixou no balanço e na síncope da imparidade rítmica dos “Batuques dos pretos”.

A dança se desenvolveu junto com a música, nunca se separaram. A partir de movimentos de danças ritualísticas, remanescentes de uma bagagem cultural milenar, o tempo mesclou movimentos de diferentes origens, absorvendo conceitos e fundindo compassos rítmicos.

O arrastar dos pés no chão remonta às danças indígenas, como o Toré. Já o formato de dança social, em pares enlaçados independentes, é uma clara influência da Valsa europeia. E a sensualidade dos movimentos, meneios de corpo e o requebrado dos quadris são heranças de diferentes danças africanas.

Durante o período da União Ibérica (1580 a 1640), o Brasil participou de um grande intercâmbio cultural recebendo danças de diferentes origens, desde as espanholas, portuguesas, francesas, inglesas e alemãs, entre outras.

Na época, esses sotaques, danças europeias, indígenas e africanas, faziam parte das apresentações entre as poesias, danças e músicas nos saraus da alta classe.

No final do século 16, os engenhos cresceram muito e, embora a maior parte da população fosse rural, cresciam as vilas em volta dos fortes militares e das escolas jesuíticas.

Os indígenas eram catequizados, aprendiam a falar português, ler partituras e tocar instrumentos como Flautas, Trombetas, Charamelas, Baixões, Violas, Cravos e Órgãos. Depois se tornavam escravos e passavam a fazer parte das bandas de fazendas ou de senhores muito ricos.

Dessa forma, a música circulava nesses ambientes distintos:

As grandes fazendas possuíam bandas e dançarinos, compostas por escravizados, indígenas e negros. Eles recitavam poesias, tocavam, cantavam e dançavam para os donos da casa ou para uma plateia restrita.

Nesses saraus, as apresentações eram feitas num formato europeu, mas absorvendo alguns ritmos tropicais, dividindo a cena com danças e peças musicais tipicamente europeias. Uma sequência de peças integradas, um conjunto de diferentes danças e tipos de música, com ordem programada, partiturada e com os intervalos (interlúdios) e todas as coreografias ensaiadas.

O Paturi, dança de origem indígena, com movimentos coreográficos do estalar de dedos com as mãos para o alto, acima da cabeça, pode ter influenciado os primórdios do desenvolvimento do Fandango Espanhol.

Nesta época temos também registros do Cãozinho, dança da qual existe o primeiro registro do movimento coreográfico da umbigada. Danças das classes baixas, assim como o Gandum, que também já se encaixavam dentro do contexto de espetáculo para os brancos da classe alta.
A gênese de alguns diferentes elementos africanos formou o Landum, Lundum ou Lundu, que é um ancestral direto das danças do Forró.

A partir do final do século 17, o Lundu permeia a barreira das classes e se desenvolve rapidamente, acompanhando o desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Era uma época de crescimento das cidades. Uma grande mistura de pessoas, vindas de diferentes lugares do mundo, línguas, costumes, etnias e influências diferentes, fatores que possibilitaram que a dança se tornasse uma forma de comunicação entre todos, uma identidade comum.

Nas festividades diurnas, nas quais a grande maioria das pessoas era branca, como as festas da igreja, dançava-se o Lundu publicamente de forma coreográfica e respeitosa. Já nas festas menores e encontros noturnos, onde todos se misturavam, negros e brancos, casados e solteiros, pobres e ricos, a dança era mais sensual.

No contexto negro e mestiço, as danças ocorriam semanalmente nos Batuques, Sambas ou Calundus, onde diferentes etnias misturavam os movimentos de suas culturas corporais ancestrais a partir da sua memória cinética e musical. Dançavam religiosamente e socialmente, numa espécie de ‘válvula de escape’ para suportar a dura realidade da época.

Durante o século 17, as formações, alguns movimentos e fragmentos oriundos de danças religiosas e ritualísticas de diferentes culturas africanas, de diferentes tribos, de locais distantes e isolados entre si foram misturados durante os Batuques.

Essa dança, com o tempo, absorveu elementos europeus e herdou, através destes, movimentações e dinâmicas de origem árabe, e elementos indígenas brasileiros. Permearam a barreira das classes com uma dança sensual, de improviso, divertida e cativante.
No início do século 18, o Brasil exportou pela primeira vez uma dança para a Europa, era a Fofa (da Bahia), uma dança a dois, par solto, com passos e rebolados africanos, virou moda em Lisboa.

A segunda dança exportada chegaria em Portugal aproximadamente meio século depois e se tornaria a identidade nacional, o Lundu.
O Lundu acrescentava cantorias à Fofa e o elemento coreográfico da umbigada, o que chamou muita atenção. Foi uma grande febre dentre a classe média lisboeta, fazendo com que fosse exibido e praticado em grandes festas populares, teatros, casas honestas, palácios e festas da igreja. Era dançado em pares soltos, não enlaçados.

A dança do Lundu entre os negros tinha origem na sensualidade das umbigadas do Semba angolano e nos movimentos da Fofa e do Miudinho, de origem congolesa.
Já a dança do Lundu dos brancos recebeu influência direta do Fandango de Castela, com o estalar de dedos acima da cabeça e a atitude galanteadora, flertiva e sedutora na interação do casal, uma dança de corte, onde um gira em volta do outro. Misturava movimentos do Miudinho e as umbigadas. Em ambientes mais refinados, a umbigada era substituída pela troca de lenços ou palmas, para não chocar a sociedade.

Atualmente, uma manifestação que ainda preserva a célula rítmica, elementos da dança e muitas das características do Lundu dos brancos é o ramo tradicional do Carimbó, ritmo e dança amazônicos do estado do Pará. Embora a maior parte dos seus elementos sejam africanos, seus adeptos se apegaram à identidade e às influências indígenas, como forma de driblarem a resistência das autoridades em aceitar as “reuniões de pretos”.

Instrumentos Carimbó:

No início do século 19, o Lundu dos negros já era dançado em pares, frente a frente, mas ainda sem o conceito de “líder” e “seguidor”. Com a chegada da Valsa aos bailes imperiais, a corte portuguesa trouxe mestres de dança, da Europa, para ensinar os brasileiros da alta classe. Esses professores compartilharam o “novo” formato de dança (par enlaçado) o qual foi rapidamente absorvido pelas festas populares, padronizando a forma de se dançar os ritmos do Forró.

O formato de par enlaçado é hoje comum às danças de salão. Um enlaça o outro com o braço direito e com o braço esquerdo mantém as mãos dadas com o parceiro. O conceito de condução “líder” e “seguidor”, no qual um propõe movimentações para o outro, que aceita, responde especificamente para cada condução e mantém uma comunicação durante toda a dança.

Dentre os brancos, durante o século 19, as ‘Sociedades de Dança’ promoviam grandes bailes. A dança era um diferencial social, fazia parte dos costumes da aristocracia e era ensinada nos colégios, sendo uma das disciplinas da grade curricular do ensino formal. Eram ensinadas as danças europeias como os Minuetos, Contra-danças, Valsas e Polcas.

Os mestres, eram polivalentes, atuavam em “Danças Cênicas” e eram professores de “Danças de Bailes”. Normalmente ministravam diversas disciplinas, não apenas dança. No início do século 19, as aulas de dança aconteciam junto com as aulas de “Música”. No final do século, passaram a fazer parte da “Educação Física” e foram extintas no século seguinte.

Desde então, o hábito da dança, dentro do Forró, foi passado organicamente de geração em geração. De forma que, até hoje, a maior parte das pessoas aprendeu a dançar naturalmente, frequentando os bailes de Forró, festas e confraternizações em geral.

Essa transmissão natural do conhecimento e tradição, agregadas à facilidade em se aprender os passos básicos e à versatilidade de espaços e quantidade de participantes, são fatores inclusivos e fizeram com que os bailes de Forró se perpetuassem.
Só no final do século 20 as escolas de dança de salão passaram a ensinar Forró. Nessa época, ocorreu uma grande renovação. As danças do Forró receberam influências do Samba-rock, da Gafieira e do Tango, com a absorção técnica e harmonização de muitos elementos e movimentações das danças contemporâneas.

No início século 21, surgem escolas de dança especializadas em Forró, renovando os estudos sobre a dança e desenvolvendo metodologias próprias a partir da miscigenação e aprimoramento de diversas técnicas de dança.

A dança do Forró vem sendo bastante aperfeiçoada nos últimos anos. Hoje tem um nível técnico e criativo muito elevado, absorveu características técnicas e estéticas de todas as danças de salão e tornou-se uma das danças mais versáteis e plasticamente bonitas de se ver.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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