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Cap13 – Forró Tradicional (década de 1940) – Livro – O que é o Forró? (2022)

O Forró Tradicional, é hoje também conhecido como Forró Pé de Serra ou Forró de Trio, em alusão a sua formação mais comum: Sanfona, Zabumba e Triângulo.

Em 1997, a Sony Music havia comprado a CBS e, naquele contexto de reorganizar o acervo, resolveu lançar uma coletânea com o melhor do Forró que havia em seus arquivos. Uma coletânea de Forró Tradicional com 20 músicas, de vários artistas e diferentes anos de gravação, batizou-a com um nome despretensioso: “Forró Pé de Serra”. Indicando que se tratava daquele Forró antigo tocado nas fazendas, lá nos pés de serra… Naquele momento, a perspectiva comercial era renovar e impulsionar as vendas com o “novo” Forró, usando o nome que já estava fortemente arraigado no subconsciente coletivo, batizando a nova tendência com o nome antigo.

Não é a primeira vez na história que uma tendência adotava uma nova denominação apenas para se preservar. Com o aparecimento dessa nova vertente, que também se auto intitulava Forró, a partir dessa ocasião, a mídia passou a classificar o Forró Tradicional como Forró Pé de Serra.

Surgiu no nordeste brasileiro no século 18, nas periferias das capitais e no interior dos estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. Vale ressaltar que era tocado originalmente por outros instrumentos, como Pífanos, Rabecas e Violas, além de variadas percussões, mas foi lapidado durante os séculos até chegar a esse formato de trio.
Foi levado para o Rio de Janeiro por Luiz Gonzaga. Lançado na rádio e em gravações, no início da década de 1940, espalhou-se o Forró para todo o Brasil através de discos, rádios e shows.

A temática mais comum das letras fala sobre a natureza, a seca que assolou o nordeste brasileiro na época e ao êxodo dos retirantes para o sudeste. Com o passar das décadas outras características se multiplicaram, abrindo mais espaço para composições de duplo sentido e temas engraçados. A temática sobre amores e desamores aos poucos passa a ser a mais gravada.

Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga foram os dois maiores ícones da música nordestina, com características muito distintas. Jackson era mais urbano, um verdadeiro cronista do seu cotidiano, um artista que “propôs” misturar “Miami com Copacabana”. Já Gonzagão era mais ortodoxo e naturalmente ruralista na forma de se vestir, durante a maior parte da sua carreira, as suas temáticas eram voltadas para o campo.

A década de 1940 foi importantíssima para o Forró, pois já no final dos anos 1950, passaria a dividir, com outros ritmos e tendências, o espaço conquistado no imaginário nacional.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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Cap13.1 – Principais Artistas e Trios do Forró Tradicional – Livro – O que é o Forró? (2022)

Na lista a seguir, alguns dos principais nomes do gênero e respectivas datas das primeiras gravações:
Exemplo: Luiz Gonzaga teve seu primeiro álbum lançado em 1956, porém, sua primeira gravação, em disco de 78RPM, foi feita em 1941.

Principais Artistas e Trios do Forró Tradicional

 Luiz Gonzaga (1956)(*1941)
 Marinês (1956)
 Jackson do Pandeiro (1955)(*1953)
 Carmélia Alves (1956) (*1943)
 Zito Borborema (1957) (*1956)
 Genival Lacerda (1958) (*1956)
 Ary Lobo (1958) (*1956)
 Trio Nordestino (1963)
 Dominguinhos (1964)
 Osvaldo Oliveira (1964)
 Jacinto Silva (1965)
 Trio Mossoró (1965)
 Azulão de Caruaru (1965)
 Clemilda (1965)
 João do Pife (1966)
 Zenilton (1967)
 Joci Batista (1969)
 Elino Julião (1971)
 Os 3 do Nordeste (1973)
 Messias Holanda (1973)
 Jacinto Limeira (1975)
 Lucimar (1976)
 Assisão (1976)
 Edson Duarte (1976)
 Manoel Serafim (1977)
 Trio Juazeiro (1977)
 Nazaré Pereira (1979)
 Alcymar Monteiro (1980)
 Fuba de Taperoá (1981)
 Os Filhos do Nordeste (1982)
 Trio Xamego (1982)
 Trio Sabiá (1985)
 Trio Virgulino (1986)
 Biliu de Campina (1988)
 Mestre Zinho (1989)
 Tiziu do Araripe (1989)

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap14 – Sanfoneiros – Livro – O que é o Forró? (2022)

Os Sanfoneiros, há mais de cem anos, são o centro da formação musical do Forró, fazendo com que grande parte da musicalidade ancestral fique sob responsabilidade desses grandes mestres.

Uma tradição familiar, um instrumento mágico que é comumente passado de pai para filho. Um dom que cada um recebeu e, estudando ou não, mostra sua genialidade à sua própria maneira.

Podemos dividir os sanfoneiros em duas linhas: Os que tocam Fole de 8 Baixos (8Bx), que é um instrumento “desafiador” para se tocar. E mesmo com todas as dificuldades e limitações técnicas, esses músicos tocavam, gravaram e compuseram músicas magníficas.

E os tocadores de Sanfonas com teclado de Piano e 120 baixos, um instrumento que dá possibilidades praticamente ilimitadas ao tocador.

A seguir, renomados acordeonistas do Forró, com as datas das primeiras gravações.
Exemplo: Gerson Filho teve seu primeiro álbum lançado em 1957, porém, sua primeira gravação, em disco de 78 RPM, foi feita em 1953.

Principais Sanfoneiros

 Maestro Chiquinho (1956) (1950)
 Orlando Silveira (1956) (1951)
 Sivuca (1956) (*1951)
 Gerson Filho (1957) (*1953)
 (8Bx) Severino Januário (1961)(*1955)
 Camarão (1958)
 (8Bx) Zé Calixto (1960)
 (8Bx) Adolfinho (1961) (*1960)
 (8Bx) Abdias (1961)
 (8Bx) Pedro Sertanejo (1961) (*1956)
 (8Bx) Geraldo Correia (1964)
 Noca do Acordeon (1962) (*1961)
 Oswaldinho do Acordeon (1968)
 Zé Paraíba (1971)
 (8Bx) Bastinho Calixto (1973)
 (8Bx) Luizinho Calixto (1975)
 Renato Leite (1976)
 Flávio José (1977)
 Gennaro (1978)
 Marcos Farias (1982)
 Severo (1983)
 (8Bx) Arlindo dos 8 baixos (1981)
 Duda da Passira (1989)
 Waldonys (1992)
 Adelson Viana (2005)

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap15 – Compositores / Principais Compositores – Livro – O que é o Forró? (2022)

Durante a produção fonográfica do Forró, alguns compositores se destacaram com quantidades expressivas de composições, outros escreveram músicas que hoje são clássicos conhecidos por todo forrozeiro.

Cada compositor tem suas características marcantes, alguns pela poesia (métrica e rima), outros pela temática ou sagacidade.

Abaixo, alguns dos mais relevantes compositores e as datas de gravação de suas primeiras obras dedicadas ao Forró.

Principais Compositores

 Humberto Teixeira (1941)
 Gordurinha (1946)
 Zé Dantas (1950)
 João do Vale (1953)
 Antônio Barros e Cecéu (1956)
 João Gonçalves (1959)
 João Silva (1960)
 Zé Marcolino (1962)
 Anastácia (1965)
 Durval Vieira (1970)
 Jorge de Altinho (1975)
 Pinto do Acordeon (1976)
 Benicio Guimarães (1978)
 Accioly Neto (1978)
 Nando Cordel (1982)
 Petrúcio Amorim (1983)
 Maciel Melo (1984)
 Zezum (1986)
 Chico Pessoa (1992)
 Xico Bizerra (1995)

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap16 – Forró MPB (década de 1970) – Livro – O que é o Forró? (2022)

O Forró tradicional sempre existiu, mas teve seus altos e baixos. Durante a década de 1960 foi sufocado por outros estilos musicais, como a Bossa Nova, o Iê-iê-iê, o Rock e o Jazz. Teve uma nova ascensão com a chegada dos artistas do “Forró MPB” (Música Popular Brasileira).
Forró MPB (década de 1970)
Artistas jovens, com influências do Forró Tradicional e a ousadia própria da idade, misturaram o Forró com as tendências musicais da época, como o Rock, por exemplo, resgatando o gênero para o cenário artístico e os holofotes da mídia.
Um período caracterizado pelo aumento da complexidade da arquitetura melódica e harmônica nas gravações. Esses jovens renovam o interesse nacional pelo Forró, atraindo novos olhares com composições revolucionárias e resgatando os ícones das décadas anteriores.
Certa vez, Alceu Valença, quando de passagem por Pernambuco, resolveu dar uma “passada” em Exu para conhecer o Rei do Baião. A visita rendeu uma gravação juntos.
Uma outra interação de gerações notória foi quando Geraldo Azevedo e Alceu Valença bateram à porta de Jackson do Pandeiro para conhecê-lo e convidá-lo para participarem juntos de um festival de música.

Já na década seguinte, de 1980, o Forró perderia novamente espaço para a música estrangeira e suas variáveis nacionais, como Rock, Baladas Românticas, música Brega (ou de “Roedeira”) e Lambada, basicamente fenômenos de mídia e seus espectros seletivos. Os bons ficaram, os maus passaram e os antigos hibernaram outra vez.
Com essas influências, escreve-se um novo capítulo na história do Forró, com o surgimento das grandes bandas e seus pragmatismos estéticos e parafernálias sonoras.

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Cap16.1- Principais Artistas do Forró MPB – Livro – O que é o Forró? (2022)

 Quinteto violado (1972)
 Fagner (1973)
 Banda de Pau e Corda (1973)
 Alceu Valença (1974)
 Zé Ramalho (1975)
 Xangai (1976)
 Amelinha (1977)
 Geraldo Azevedo (1977)
 Elba Ramalho (1979)
 Chico Cesar (1995)

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap17- Forró Eletrônico (década de 1990) – Livro – O que é o Forró? (2022)

“Moderno”, “Eletrônico”, “Estilizado”, “…de Plástico”, entre variadas e controversas denominações, servem para caracterizar esse caminho adotado por grupos musicais contemporâneos, desgarrados do ramo tradicional do Forró, traçando uma linha que, temática, musical e ritmicamente falando, afastou-se e hoje não tem mais qualquer ligação com os ritmos que compõem o estilo original.

Durante a década de 1990, com grande aproveitamento das ferramentas de divulgação, rádios e grandes produções, o Forró Eletrônico, passou a atingir e ser consumido por um número cada vez maior de pessoas e vem sofrendo mutações, ao longo de sua existência, que começou no final dos anos de 1980.

Como precursores desse movimento, ainda em 1987, a Banda Nordestinos do Ritmo já explorava elementos que passariam a ser usados a partir de então. Caracteriza-se pela formação de bandas com muitos músicos em cima do palco, instrumentos elétricos, mais de um vocalista, sensuais dançarinos e dançarinas, arranjos modernos e andamento acelerado.

Com o Forró Eletrônico circulando em todo nordeste, impulsionado por um sistema próprio de gravação de discos e domínio comercial das rádios, o Forró Tradicional saiu de cena e a maior parte das casas noturnas dedicadas ao segmento fecharam.

Observamos cinco diferentes variantes no Forró Eletrônico:

Forró das Antigas: sanfona muito presente. O zabumba e o triângulo saem de cena e a arquitetura rítmica da banda é feita pela bateria, que construiu suas levadas a partir das células rítmicas do zabumba.

Forró Romântico: sanfona menos presente e encoberta pelos teclados, sintetizadores e elementos da música pop mundial. Uma das principais características são as versões de músicas internacionais.

Forronerão: influência muito forte do Vanerão, toda construção rítmica é feita a partir da música gaúcha. Tem em comum com o Forró o acordeon muito presente.

Forró Estilizado: fusão de estilos e uma estrutura musical construída com a bateria de Vanerão um pouco mais lento e percussões comuns na música baiana, como repiques, timbal e congas.

Forró Piseiro: estrutura igual a do Forró Estilizado, mas com as bases rítmicas e efeitos eletrônicos reproduzidos pelo sintetizador de um teclado, acompanhados orgânicamente por guitarra e sanfona.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap17.1- Principais Artistas do Forró Eletrônico – Livro – O que é o Forró? (2022)

 Mastruz com Leite (1992)
 Mel com Terra (1993)
 Frank Aguiar (1993)
 Limão com Mel (1993)
 Cavalo de pau (1994)
 Banda Magníficos (1995)
 Catuaba com Amendoim (1996)
• Brasas do Forró (1997)
 Banda Calypso (1999)
 Cavaleiros do Forró (2001)
 Aviões do Forró (2002)
 Garota Safada (2003)
 Dorgival Dantas (2006)
 Luan e o Forró Estilizado (2014)

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Cap18- Forró Universitário (década de 2000) – Livro – O que é o Forró? (2022)

Um lampejo de “resistência” surgiria ao final da década de 1990 e início dos anos 2000, no sudeste brasileiro, com a febre do “Forró Universitário”.

O Forró Tradicional vinha sendo tocado em festas ‘underground’ da cena universitária do sudeste brasileiro, alguns trios e músicos veteranos saíram do ostracismo para tocar nesses encontros, surgindo um ambiente social e artístico propício à dança e à música, permitindo o surgimento de novas bandas, compostas por jovens urbanos, que misturavam o antigo com as tendências da ocasião, adotando roupagens e temáticas jovens.

Estilo muito próximo ao original, porém com uma abordagem mais urbana e contemporânea. A Sanfona se mantém como um instrumento imprescindível, mas divide as atenções com o Violão que passa a comandar a musicalidade da época.

Alinhada com um momento efervescente da música, o Forró Universitário conseguiu ser alçado às exposições massivas através do rádio e da televisão e seria um dos últimos produtos de mídia impulsionado comercialmente pelas gravadoras. Muitas delas sucumbiriam, pouco tempo depois, em decorrência do advento da tecnologia digital e da facilidade em copiar e compartilhar músicas.

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Cap18.1 – Principais bandas do Forró Universitário (década de 2000) – Livro – O que é o Forró? (2022)

Alguns dos principais representantes do Forró Universitário

• Forróçacana (1999)
• Falamansa (2000)
• Bicho de Pé (2001)
• Peixelétrico (2001)
• Raiz do Sana (1999)
• Baião de Corda (2000)
• Circuladô de Fulô (2001)
• Chama Chuva (2001)
• Baião d4 (2001)
• Paratodos (2001)
• Rastapé (2002)
• Caiana (2002)
• Banguela Banguela (2002)

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